A fratura transtrocanteriana do fêmur proximal é comum, especialmente em idosos, e representa um grande desafio para a ortopedia.
Essas lesões ocorrem em uma região do fêmur situada entre o trocânter maior e menor, e sua alta incidência está relacionada à osteoporose e à crescente população idosa.
O tratamento adequado dessas fraturas é fundamental para garantir a mobilidade e a qualidade de vida dos pacientes, e, nos últimos anos, técnicas cirúrgicas modernas têm emergido como soluções eficazes.
Neste artigo, exploramos as abordagens cirúrgicas mais recentes e eficazes para o tratamento das fraturas transtrocanterianas, com destaque para os avanços tecnológicos, considerações clínicas e o impacto na recuperação dos pacientes. Boa leitura!
Anatomia e importância das fraturas transtrocantéricas
A região transtrocanteriana está localizada na região proximal do fêmur, conectando o colo do fêmur à diáfise femoral. Esta região é altamente vascularizada, o que favorece a consolidação óssea em condições normais.
Contudo, as fraturas nessa área frequentemente resultam em instabilidade mecânica, necessitando de intervenções que restabeleçam a função e previnam complicações, permitindo que os pacientes recuperem a capacidade de ficar em pé e caminhar precocemente. A restrição ao leito deve ser evitada, pois favorece complicações como pneumonia, escaras de decúbito e perda funcional.
É importante destacar que as fraturas transtrocanterianas são classificadas de acordo com padrões como a classificação AO ou a classificação de Evans.
Essas categorias ajudam a determinar o grau de instabilidade da fratura, a presença de fragmentação óssea e a abordagem cirúrgica mais adequada.
Entre as subcategorias, destacam-se as fraturas estáveis, em que os fragmentos mantêm um alinhamento relativo, e as instáveis, caracterizadas por maior número de fragmentos, maior deslocamento e maior risco de complicações, como falha de implantes ou consolidação inadequada.
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Evolução das abordagens cirúrgicas
O tratamento cirúrgico de fraturas transtrocanterianas passou por grandes avanços nas últimas décadas.
Enquanto as técnicas tradicionais envolviam placas e parafusos simples, as soluções modernas visam aumentar a estabilidade biomecânica e permitir uma recuperação mais rápida. Vamos mostrar as principais delas.
1. Hastes Intramedulares
As hastes intramedulares são uma das inovações mais importantes no tratamento dessas fraturas. Afinal, essas hastes, inseridas no canal medular do fêmur, proporcionam suporte interno robusto e distribuem melhor as forças mecânicas.
As vantagens incluem:
- Estabilidade superior: reduzem o risco de deslocamento dos fragmentos ósseos;
- Mobilização precoce: permitem que os pacientes retomem atividades mais rapidamente.;
- Redução de complicações: menor risco de falha do implante em comparação com placas convencionais.
Alguns estudos recentes sugerem que as hastes intramedulares também estão associadas a menores taxas de perda de sangue durante o procedimento e a uma menor taxa de pseudoartrose, reforçando sua eficácia em relação a outras técnicas.
2. Placas bloqueadas
As placas bloqueadas são particularmente úteis em fraturas altamente cominuídas ou em pacientes com ossos osteoporóticos. Elas garantem uma fixação mais rígida, mesmo em condições de baixa densidade óssea.
A combinação de parafusos bloqueados à placa impede o deslocamento dos fragmentos, promovendo uma consolidação mais previsível.
Um diferencial dessa técnica é a possibilidade de utilização em fraturas onde a fixação intramedular não é viável, como em casos de deformidades anatômicas ou situações em que o canal medular está comprometido por lesões anteriores.
3. Técnicas minimamente invasivas
Os avanços em cirurgias minimamente invasivas reduziram significativamente os traumas associados ao procedimento. Essas técnicas preservam os tecidos moles, diminuem a dor pós-operatória e aceleram o retorno às atividades.
É essencial dizer que a cirurgia minimamente invasiva também está associada a menores taxas de infecções e complicações relacionadas ao acesso cirúrgico, tornando-se uma escolha preferida em centros que dispõem de tecnologia avançada e equipe capacitada.
Critérios para escolha da abordagem
A decisão sobre a técnica cirúrgica mais adequada deve ser baseada em uma análise cuidadosa dos seguintes fatores:
- Estabilidade da fratura: fraturas instáveis se beneficiam mais das hastes intramedulares devido à maior resistência mecânica;
- Condições clínicas do paciente: pacientes com comorbidades graves podem requerer técnicas menos invasivas;
- Disponibilidade de recursos: a infraestrutura hospitalar e a experiência do cirurgião também influenciam a escolha do tratamento.
Vale dizer que a avaliação deve ser multidisciplinar, envolvendo não apenas o ortopedista, mas também anestesiologistas e fisioterapeutas para planejamento de toda a jornada terapêutica do paciente.
Uma avaliação clínica pré-operatória é muito importante para estabilizar eventuais condições patológicas que poderiam aumentar o risco cirúrgico, como arritmias, diabetes ou hipertensão.
Reabilitação e cuidados pós-operatórios
A reabilitação desempenha um papel crucial na recuperação funcional após o tratamento de fraturas transtrocanterianas.
Nesse contexto, a fisioterapia deve ser iniciada precocemente para prevenir complicações, como rigidez articular, trombose venosa profunda e perda de massa muscular.
Os cuidados incluem:
- Controle da dor: analgésicos e medidas não farmacológicas são essenciais;
- Mobilização precoce: incentivar o paciente a movimentar-se logo que clinicamente possível;
- Foco na independência funcional: treinamento para atividades diárias e fortalecimento muscular progressivo.
Além disso, o acompanhamento periódico com exames de imagem é fundamental para monitorar a consolidação óssea e identificar precocemente sinais de complicações.
Quais são os principais tipos de complicações?
Apesar dos avanços, complicações ainda podem ocorrer. Dentre os principais tipos estão:
- Falha do implante: pode requerer revisão cirúrgica;
- Infecção: prevenção com antibióticos profiláticos e assepsia rigorosa;
- Não-união: reoperação para troca de implantes ou enxertia óssea podem ser necessários para estimular a consolidação óssea;
- Dificuldade na mobilidade: necessária intervenção de longo prazo com fisioterapia especializada.
Cada complicação deve ser tratada de forma individualizada, levando em consideração as condições do paciente e a complexidade do caso.
Quais são as perspectivas futuras?
A pesquisa continua expandindo as possibilidades de tratamento. Nesse sentido, algumas áreas apontam bastante promissoras para os próximos anos, como:
- Biomateriais avançados: implantes ou substitutos ósseos que promovem a osteointegração e reduzem o risco de falha da fixação. Alguns já estão em uso clínico;
- Técnicas robóticas: cirurgias assistidas por robôs oferecem maior precisão e reduzem o trauma tecidual;
- Medicina regenerativa: uso de terapias celulares para acelerar a recuperação óssea;
- Terapias guiadas por Inteligência Artificial: auxiliam na identificação de padrões de fraturas e no planejamento cirúrgico.
O uso de sensores conectados para monitorar a recuperação do paciente também tem se destacado, permitindo um acompanhamento mais preciso e intervenções personalizadas.
Conclusão
Como podemos ver neste artigo, as abordagens cirúrgicas modernas para fraturas transtrocanterianas representam um marco na ortopedia.
No entanto, é preciso dizer que o tratamento dessas lesões exige uma abordagem individualizada, que combine técnicas avançadas, reabilitação adequada e monitoramento rigoroso.
Nesse sentido, o futuro promete avanços ainda mais significativos, trazendo soluções inovadoras que impactarão positivamente a qualidade de vida dos pacientes.
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